Em sua segunda exposição individual, a artista Danielle Noronha apresenta um grupo inédito de obras em escultura, gravura e pintura.
A trajetória de criação desse conjunto parte de uma pesquisa iniciada em 2011 sobre o mito grego do Minotauro, que carrega consigo uma série de elucubrações sobre a simbologia do feminino, a figura de Vênus e o retrato – a imagem de si com uma máscara e a perda da razão para o domínio do instinto. Perpassando pelas temáticas da sexualidade, da intuição e do impulso, Danielle trabalha sobre a ideia de releitura versus autoria – a adaptação da lenda mitológica/primitiva aos modos de representação contemporâneos. Ao assumir o peso do referencial mítico na construção de sua poética, a artista confere novos sentidos aos arquétipos da antiguidade e transmuta-se na protagonista de sua própria versão dessa narrativa – tanto como agente atuante através da experiência quanto no papel central de criação das imagens e objetos.
Na obra de Danielle Noronha, as fronteiras entre realidade e ficção não são (e não precisam ser) rigorosamente delimitadas: aquilo que pertence ao universo do mito, do sonho, da narrativa literária e cinematográfica integra efetivamente o entorno tangível da artista, de forma concreta e indissociável.
Especula-se que o ímpeto criativo dos seres humanos da pré-história, materializado em pinturas rupestres, incisões e representações de animais, possuía cunho ritualístico e mágico, vinculado à caça e a fertilidade. Na obra de Danielle esta hipótese basta. A artista afirma: “Eu não sei porque esses homens criavam essas imagens, mas sinto que eu as crio pelo mesmo motivo”.
A artista se apodera de formas de representação primitivas e relatos da antiguidade, trazendo consigo a carga da mulher primordial, da personagem mitológica, na pele da criadora e da criação. Ao partir do princípio do registro do homem sobre o mundo, Danielle Noronha também lança novas e renovadas fundações sobre sua própria história como escultora, pintora e gravurista.
Nas obras em exposição, a artista mistura símbolos do mito com o autorretrato, o autorretrato com a máscara, a máscara com a carne. Projeta-se na obra de forma que sejam apagadas as fronteiras entre o interno da máscara e o externo da vista.
A vista da máscara é um convite a perda e reconstrução de identidades, através de um percurso dentro do espaço concebido pela artista, onde é possível ser exatamente aquilo que se quer.
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Danielle Noronha
[ São Paulo /1979 ]
Formada em desenho industrial pela Universidade de Brasília, frequentou os ateliês de Rubens Matuck, do impressor Roberto Grassmann e o ateliê de gravura do Museu Lasar Segall.
Com ampla pesquisa em aquarela, busca opô-la à tradição figurativa e minuciosa, chegando a utilizar brocha de parede em alguns trabalhos em contraposição ao traço delicado do pincel. Seu trabalho também abrange a pintura à óleo, a escultura e e a gravura. Participou de três edições do SP Estampa, da exposição Grabados de Brasil, (B.A. – Argentina 2011) da Coletiva Coletivos (Belém / 2012), da 5ª Bienal do Olho Latino (Atibaia 2011) da 5ª Bienal de Gravura de Santo André, Brasil, da 6ª Portugal Printmaking Biennial (Alijó / 2012) e da Risco#3 no Sesc Belenzinho, SP, Brasil. Participou do coletivo Páginas Impressas e do grupo Cambio. Em julho de 2013 participou da residência International Art Workshop em Gludsted, Dinamarca. Realizou sua primeira individual, Veículo de Viagem, na Galeria Mezanino em 2014. Em 2015 inicia sua pesquisa em escultura no atelier da artista Sonia Giardini.
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Curadoria: Epicentro Cultural
Vernissage: 12 de junho às 19h
DJ Shuffle
VJ set Astronauta Mecanico
Projeto apoiado pelo Governo do Estado de São Paulo / Secretaria de Estado da Cultura – Programa de Ação Cultural 2015