Curso – Arte e Loucura
“Nas composições desses artistas, cujo diagnóstico é frequentemente sem esperança – esquizofrenia incurável – cumprem-se as duas exigências da arte: ser a destruição da comunicação comum e ser a criação de uma outra comunicação.”
– Octavio Paz
Para todos nós, do ponto de vista da experiência moderna, é fato evidente e incontestável que loucura diz respeito à Psiquiatria. No entanto, a célebre obra de Michel Foucault, “História da Loucura na Idade Clássica”, revela que a definição de loucura como “doença mental” é uma operação relativamente recente na história da civilização ocidental.
“Em determinado momento histórico, a ‘doença mental’ começou a existir como máscara da loucura.”
– Frayze-Pereira
É exatamente no contexto de internação psiquiátrica que produções plásticas dos pacientes passam a ser recolhidas pelos médicos como material de pesquisa e diagnóstico.
Já na década de 20, artistas como Max Ernst e Paul Klee mostraram-se fascinados diante da espontaneidade das criações que eles próprios buscavam atingir por meios artificiais. Mas, é somente em 1945 que Jean Dubuffet lança o termo “arte bruta”, conferindo estatuto de arte às criações de não-profissionais, sobretudo psiquiatrizados, excluídos do convívio social. Ao trazer tais produções para o campo da arte, Dubuffet põe em questão a chamada arte culta, na medida em que a arte bruta não busca estabelecer qualquer relação com a tradição das artes e, ainda assim, possa ter valor de arte.
Diante dos inúmeros questionamentos que a arte bruta levanta nos campos das artes e da loucura, propomos a realização de quatro encontros:
1) HISTÓRIA DA LOUCURA. Partindo das duas principais tendências conceituais acerca da loucura (loucura como revelação e loucura como doença), o objetivo será problematizar o discurso sobre o louco, a partir da história da loucura, revelada por Foucault.
EXIBIÇÃO DO FILME: “IMAGENS DO INCONSCIENTE – NO REINO DAS MÃES. Adelina Gomes”, de Leon Hirszman (55 min)
2) ARTE BRUTA. História da arte bruta. Artistas brutos no contexto brasileiro. Museu de Imagens do Inconsciente. Nise da Silveira e Mário Pedrosa.
EXIBIÇÃO DO FILME: “IMAGENS DO INCOSCIENTE – A BARCA DO SOL. Carlos Pertuis”, de Leon Hirszman (1h10min)
3) IMPLICAÇÕES ENTRE ARTE E LOUCURA. O encontro destes dois campos traz novos questionamentos sobre o âmbito das artes, assim como sobre o lugar da loucura. Reflexões críticas sobre o uso da categoria arte bruta.
EXIBIÇÃO DO FILME: “IMAGENS DO INCONSCIENTE – EM BUSCA DO ESPAÇO COTIDIANO. Fernando Diniz”, de Leon Hirszman (1h20min).
4) ARTE BRUTA NO CONTEXTO ATUAL. Quais são as fontes principais de arte bruta na atualidade? Discussão sobre as possibilidades de arte bruta fora do contexto dos asilos psiquiátricos. Artistas brutos atuais.
Ministrante:
Graziela Marcheti – psicanalista, mestranda em Psicologia Social da Arte pelo Instituto de Psicologia da USP, pesquisadora do LAPA-USP (Laboratório de Estudos em Psicologia da Arte)
Carga Horária: 12 horas
4 aulas aos sábados
14/09/2013
21/09/2013
28/09/2013
05/10/2013
Horário: 10h30 às 13h30.
Investimento: R$ 250,00
(desconto de 25% para estudantes)
Inscrições, reserva de vaga e informações: [email protected]