Carlos Issa
É o Objeto Amarelo.

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Quem vê Carlos Issa comendo devagar seu filé a parmegiana numa padoca de Perdizes provavelmente não vai imaginar que aquela é a cabeça por trás do Objeto Amarelo. Nada de aparência excêntrica ou trejeitos que delatem alguma queda pelas sonoridades bizarras do seu projeto; Carlos é um jovem paulistano barbado que gosta de ouvir kraut rock e comer batatas fritas.

Há pouco menos de dez anos, ele fundou um dos projetos mais insólitos da cena eletrônica nacional. Apesar do nome simples, que segundo ele “não pretende se referir a muita coisa”, o Objeto Amarelo ficou conhecido no circuito alternativo por suas músicas difíceis de engolir e pelo desapego a formatos tradicionais.

A viagem começou em 1999, quando Issa comprou um microfone, uma bateria eletrônica e um gravador. As experimentações com esse equipamento deram no primeiro disco e desde então o Objeto já se apresentou na edição brasileira do festival espanhol Sónar, em 2004, e lançou mais quatro trabalhos por selos como Bizarre (produtora do Resfest). O último deles, Veloz2Volks, saiu recentemente pela Peligro e marca uma retração do projeto em torno da sua própria música.

“Hoje eu estou tentando me concentrar no som. Já fiz uma experiência de misturar música e imagem por um ano, mas minha tendência agora é tirar tudo que não for som da frente, incluindo a performance. Quero que o público fique concentrado apenas na sonoridade e esqueça que estou ali no palco”, diz.

Influenciado por Sonic Youth, noise japonês e dubstep, o resultado são faixas improvisadas que soam lo-fi e, segundo seu próprio criador, “num certo ponto derretem”. “O rock e a MPB, que eu gosto bastante, são muito baseados na canção. Mas chega uma hora que você percebe que tem outras sonoridades que não se adequam a esse formato, então você tem que experimentar coisas novas” diz.

Segundo Issa, as reações do público ao show do Objeto Amarelo sempre foram “estranhas”. “As pessoas que conheciam o projeto através dos discos estranhavam os shows por terem versões das músicas muito afastadas das originais e o repertório ser totalmente diferente”, diz o produtor. “Show e estúdio são campos de exploração bem distintos e, na minha opinião, quem se vê obrigado a levar a realidade do estúdio pro palco, ou mesmo quem se repete ou se engessa num mesmo repertório pelo tempo que for, não está na música, está à venda”, dispara.

Issa admite que, no começo, até os amigos diziam que ele tinha a “cabeça estranha”, mas que “hoje em dia a coisa está mais tranqüila”. “Agora temos muitas bandas experimentais e muita gente fazendo música esquisita. Mas essas são as mais normais, porque bizarros mesmo são aqueles que tocam a mesma música o tempo todo. Esses sim são bem loucos” completa.

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